quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O Jongo de São Luiz do Paraitinga

Por: Henry Durante

É antiga a história do Jongo em São Luiz do Paraitinga. Muitos jongueiros da cidade foram ex-escravos ou descendentes, vindos das fazendas que se multiplicaram em sua zona rural durante o Ciclo do Café. O Bairro do Raizeiro foi formado, em parte, por esses ex-escravos, vindo de lá nomes de importantes jongueiros do passado, como Dona Benedita do raizeiro e Pai João. As rodas de Jongo sempre marcaram as festividades de São Luiz do Paraitinga, em especial a Festa do Divino. É costume o dono da casa que recebe a bandeira encomendar um festejo em comemoração, antigamente podendo ser uma Congada, um Moçambique, a Dança do Carangueijo ou o Jongo.Afora a Festa do Divino, o Jongo era dançado em São Luiz em várias ocasiões ao longo do ano, nem sempre em datas programadas, mas sim quando, por algum motivo, seus participantes resolviam fazê-lo. O lugar era a Casa da Lavoura. Daí então, era importante a presença de Seu Alcino Toledo, reconhecido organizador das rodas. Outros jongueiros importantes do passado foram Dito Geraldo, que também era mestre de Folia do Divino, Dança do Sabão, Dança do carangueijo, Reza e Cantoria de Mutirão, Tico Almeida, também mestre de Moçambique e Congada, Seu Argeu e a destacada figura de Pedro Fragoso, pai do também mestre jongueiro Joviano Fragoso, falecido recentemente, aos 92 anos de idade. Nome também importante é o de Mestre Rio Branco, filho de Tia Luiza, ex-escrava, e construtor da Igreja do Rosário da cidade. Também as mulheres foram importantes jongueiras em São Luiz, destacando-se as figuras de Maria Moringa, Nhá Palmeira, a ex-escrava Tia Tereza e Venturosa, sua filha que, vindas das fazendas, foram morar no bairro do Alto Cruzeiro, de onde desciam para participar das rodas de Jongo.Mais recentemente, o florescimento de indústrias em outras cidades da região do Vale do Paraíba provocou a saída de um grande contingente de trabalhadores de São Luiz de Paraitinga, atingindo sensivelmente bairros como o do Raizeiro. Mestres de Jongo, Moçambique e Congada de São Luiz espalharam-se por cidades como Pindamonhangaba, Taubaté e até mesmo Cotia e Mogi das Cruzes, como é o caso dos irmãos Benedito e Alcides Pereira de Castro, de família de jongueiros, que remontaram seus grupos nestes municípios e retornam a São Luiz sempre na Festa do Divino, tendo muitas vezes Seu Alcides promovido roda de Jongo em 13 de Maio, na cidade.Hoje, são raras as rodas de Jongo em São Luiz do Paraitinga, havendo ainda, entretanto, vários conhecedores de Jongo, como são os casos de Luís Mariano, Zé Gordo e os irmãos Alfredinho Rocha e Vicentinho Rocha, além de Seu Pedro, do Bairro Alvarenga.

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